Eu penso tanto e tão rápido. Na velocidade da luz.
Meu corpo não consegue acompanhar meu ritmo corrido e disforme,
desastroso.
Poético.
A poesia está comigo.
Ela e eu. Nós duas temos uma história de dor e cumplicidade.
É como quando você pensa em algo totalmente insano e um
cachorro solidifica seus pensamentos.
É um mistério. O mistério instiga e provoca a poesia.
A poesia é tradução. Tradução em hebraico.
Tradução do que é intraduzível.
Ai de mim, que me sinto repreendida por mim mesma.
Sinto um nó cego retorcendo minha laringe e contorcendo os
tecidos nervosos do meu corpo me fazendo escrava do meu próprio teto.
Eu ficaria aqui, a noite toda descrevendo minhas torturas
internas, meus conflitos psicológicos. Mas eu tenho um defeito.
Tenho um corpo.
E meu corpo é pouco pra mim. Eu exijo além da sua capacidade.
E eu não sou um fogo. Sou o produto inflamável mantido fora
do alcance de crianças e da luz solar.
E este corpo é um
extintor de incêndios.
Que branda o louco bombardeio de flores e amores.
Gritos e dores.